Há sim, entre os humanos, aqueles que estão “dialogando” com Gaia.
Minha gratidão à Época Negócios pela excelente reportagem.
Extraordinário. Há aqueles que já respondem corretamente à pergunta da Esfinge. Há aqueles que estão “dialogando com Gaia”. Há aqueles que deixam de lado o orgulho infantil e a perigosa prepotência, para, humildemente, aceitar as lições de Gaia resultantes dos bilhões de anos envolvida na criação e sustentação das condições da vida. Há aqueles que amam Gaia e transformam a sua vida em um hino de gratidão à nossa mãe Terra.
Alguns anos atrás eu havia lido essa reportagem sobre Ernst Götsch. Incrível que, “coincidentemente”, “cruzei” novamente com ela no mesmo dia da publicação do “Diálogos de Gaia – Criando e Sustentando as condições da Vida”.
Praticamente todos os conceitos explorados nos artigos “Gaia – do mito à realidade” E “Diálogos de Gaia – Criando e Sustentando as condições da vida”, encontram em Ernst Götsch a sua aplicação prática, como veremos a seguir.
Humildade, sabedoria e bondade
“Será que não seria mais inteligente se nos dedicássemos a melhorar as condições que damos às plantas, em vez de tentar adequá-las às condições cada vez piores que lhes oferecemos?”
“Sempre que vejo aqui um bicho ou planta pela primeira vez, eu pergunto: ‘o que você faz de bom?'”, diz.
“Cada bioma desenvolveu ao longo de bilhões de anos interações para que a vida ali tivesse o máximo êxito. Nada mais natural, portanto, que a agricultura pegasse carona nesses arranjos.”
Interconexão e interdependência, os fundamentos da cooperação
“Nós não somos a espécie inteligente, nós fazemos parte de um macrossistema inteligente”, diz. “Eu nunca fui roubado por uma planta, elas não mentem. A ética delas é perfeita, você pode confiar”, prossegue.
Para ele, ao contrário do que muitos pensam, as relações entre espécies em ambientes naturais não se baseiam na concorrência e na competição, mas sim no “amor incondicional e na cooperação”.
Revolução Verde x agricultura sintrópica
A Revolução Verde se assentava em três premissas:
- Água abundante
- Energia barata
- Clima estável
Nenhuma dessas suposições permanece verdadeira atualmente. E, o custo para o aumento do volume de produção é extremamente caro e insustentável, conforme abaixo:
- Desflorestamento
- Esgarçamento dos ciclos e fluxos das águas e do clima
- Monocultura
- Dependência dos oligopólios detentores das patentes de agrotóxicos e sementes
- Empobrecimento do solo pelo uso excessivo de agrotóxicos e da monocultura
- Perda da biodiversidade, incluindo a busca da substituição das sementes “crioulas” pelas transgênicas
- Centralização de decisões e recursos em detrimento do empoderamento de indivíduos e coletividades. A agricultura familiar e em pequenas propriedades, previnem o desemprego e a insegurança alimentar.
E Göstch propõe então, como solução, a AGRICULTURA SINTRÓPICA
Uma visão pragmática
Compatível com a sua humildade e sabedoria, e levando para o estágio humano o que a natureza nos ensina de forma intensa, ele aplica o ensinamento da COOPERAÇÃO.
Seria realmente tolice não lançar mão da expertise e dos imensos recursos à disposição das multinacionais que estão despertando para o fato de que a sua perenidade e o atendimento das demandas dos diversos stakeholders. Cada vez mais os investidores estarão alocando os seus recursos para as empresas e instituições que já estejam “dialogando” com Gaia.
As suas ações junto ao Grupo Pão de Açucar e Michelin e também junto a governos, demonstra a sua visão pragmática em busca da cooperação possível em prol do bem comum.
Dessa forma, ele se coloca acima das polarizações políticas (esquerda x direita), que demonstram imaturidade consciencial e escondem (quando escondem), interesses inconfessáveis em prol de uma minoria em detrimento da imensa maioria e do meio ambiente.
Ernst Götsch, definitivamente é um “dialogador” integrado nos ciclos e fluxos de Gaia. Como ele, há muitos outros indivíduos, empresas e instituições imbuídos desse propósito. Importa que essa “conspiração aquariana”, na belíssima construção de Marilyn Fergusson, cresça em intensidade enquanto ainda haja tempo.