Urge a reconexão com Gaia, é vital que nos incluamos novamente em seus diálogos.

Gaia, é a crença grega da qual herdamos a concepção da mãe Terra, é a deusa nutriz.

Essa concepção está presente em praticamente todas as correntes filosóficas e também nas espiritualistas. Ela se constitui em uma fonte de inspiração para a mente e o espírito humano há milênios.

Ao longo desse tempo, experimentamos o sentimento do sagrado em relação aos encantos da natureza.

Aprendemos a amar, a respeitar e a temer as suas manifestações na delicadeza de uma flor, no encanto dos pássaros, na água cristalina, no solo generoso, no fragor das tempestades ou no espetáculo das explosões vulcânicas e no terror dos terremotos.  Gaia representava o nosso lar comum e nele nos sentíamos integrados.

A conexão foi desfeita

Entretanto, como consequência do paradigma analítico, reducionista, mecanicista e positivista, passamos a nos sentir “donos” da Terra ao invés de seus filhos.

As consequências desse desvio, estão se tornando cada vez mais críticas e serão exploradas em artigos posteriores.

O caminho para a reconexão com Gaia está sendo delineado pela própria ciência. Novos conhecimentos e concepções estão fornecendo o instrumental necessário para corrigir esses desvios e recuperar o sentido do pertencer que havíamos perdido.

Surge um novo paradigma que corrige e amplia as concepções do anterior

A partir do desenvolvimento da física quântica, da visão sistêmica da vida e do avanço da instrumentação científica e tecnológica. A nova capacidade de lidar com a não linearidade é resultante do desenvolvimento da teoria da complexidade, da geometria fractal, da teoria do caos e do estudo de redes, entre outros.

James Lovelock e Lynn Margulis nos devolveram a concepção de que a Terra é um sistema vivo

É de James Lovelock e Lynn Margulis a hipótese Gaia. Com os estudos desenvolvidos em laboratório, hoje essa hipótese é amplamente aceita elevando-a à categoria de teoria.

Como consequência, devolveram à humanidade a concepção de que a Terra é um sistema vivo. Os avanços realizados na compreensão dos sistemas da natureza a partir de então, têm sido inegáveis. Os caminhos para a reconexão com Gaia já estão delineados.

A Terra é uma rede autopoiética

E é autopoiética, pois atende as condições identificadas para tal, conforme relacionadas abaixo:

  1. É autolimitada: em sua fronteira externa pela atmosfera, em muito transformada e mantida pelos processos metabólicos da biosfera;
  2. É autogeradora: o metabolismo planetário converte substâncias inorgânicas em matéria orgânica viva, e, novamente, em solos, oceanos e ar; e,
  3. É auto perpetuante: pois os componentes dos oceanos, do solo e do ar, bem como todos os organismos da biosfera, são continuamente repostos pelos processos planetários de produção e de transformação.

Não podemos mais pensar em rochas, animais e plantas como separados

“Não podemos mais pensar em rochas, animais e plantas como separados.

A teoria de Gaia mostra que há um estreito entrelaçamento entre as partes vivas do planeta – plantas, micro-organismos e animais – e suas partes não vivas – rochas, oceanos e atmosfera. Os ciclos de feedback que interligam esses sistemas vivos e não vivos regulam o clima da Terra, a salinidade de seus oceanos, e outras importantes condições planetárias.”[1]

“Independência é um termo político, e não científico.”

Lynn margulis e sagan (1995, apud capra, fritjof; 1996, p´´ág. 230

O princípio antrópico é inerente à Teoria Gaia. Esse fato corrobora o que já havia sido trazido por várias correntes e tradições espiritualistas. Só não admite, ainda, um princípio antrópico propositado.  Ela constata que a vida cria as condições para a sua própria existência.

Ressurge de forma real a convicção de que Gaia, a Terra Mãe, a deusa nutriz, tem sim uma imensa potencialidade geradora, e, graças a essa generosidade, viceja, nos últimos milênios, a civilização humana. 


[1]CAPRA, Fritjof e LUISI, Pier Luigi. A Visão Sistêmica da Vida. Edit. Cultrix-Amana Key: São Paulo, 2014, p. 209.

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