O que mais o tema da Unicidade pode acrescentar às reflexões já desenvolvidas nos artigos “O Despertar da Consciência” e “O sentido do pertencer”?
As palavras taxativas de Capra ao afirmar que a nova física revela a unicidade do universo e que fazemos parte de um todo unificado são surpreendentes e alentadoras; a instigante perquirição de Teilhard de Chardin, que culminou na descoberta da trilha da noogênese e estonteante concepção da cosmogênese; as reflexões de Amit Goswami sobre o papel da consciência na criação universal e a perfeita compatibilidade entre essas revelações científicas e as que nos vieram pela intuição de Pietro Ubaldi fortalecem substancialmente as reflexões realizadas naqueles artigos.
A emersão dos “grânulos” de consciência que constituirão a noogênese nos remete para além das intempéries da impermanência. Indivíduos que compõem coletividades cada vez mais abrangentes, e coletividades que passam a incorporar indivíduos à medida que avançam no processo de emersão das suas potencialidades, oferecem significado e sentido para o existir.
Passamos a ter fortalecidos a sinalização e o direcionamento das nossas energias no aproveitamento da melhor forma possível desse recurso precioso que é o tempo. Esse é o movimento que, pela base, fundamenta o surgimento de uma nova ordem mundial. Embora as aparências disseminadas pela grande mídia possam mostrar o contrário, se ampliam e se intensificam as reações contra a abordagem massificante e a da condução de manadas. Um grito surdo emerge de cada indivíduo no sentido da manifestação das suas singularidades e do potencial de contribuição que elas podem oferecer.
No estágio da consciência, estão emergindo os sentimentos sublimados de tolerância, compaixão e solidariedade na vida de relações.
Vivemos o paroxismo das soluções resultantes da força do ego, orgulho e prepotência. A razão, intuição e sentimentos humanos começam a incorporar as lições da natureza no que diz respeito ao aproveitamento das contribuições do indivíduo em prol da coletividade, e do trabalho da coletividade em prol do indivíduo a partir da cooperação para a coevolução. No estágio da consciência, essas lições se traduzem em sentimentos sublimados de tolerância, compaixão e solidariedade na vida de relações.
Finalmente, começamos a incorporar em nosso psiquismo profundo o verdadeiro significado desse chamado potente a que denominamos “humanidade”. Com isso, as velhas soluções voltadas à criação e manutenção de privilégios em detrimento da maioria desaparecerão. O respeito, gratidão e amor a Gaia serão retomados em patamares superiores de compreensão. Os muros serão destruídos e pontes serão lançadas. Nas palavras de Denis Moreira (já lembradas em outro artigo): “Estaremos substituindo a competição pela sobrevivência, pela cooperação para a transcendência”.
O sentido de plenitude que essas concepções nos trazem substituirá o desperdício de tempo com futilidades. Nossas energias e recursos serão direcionados para a construção das condições necessárias para que cada ser humano possa trabalhar pela emersão das suas potencialidades e para a regeneração do planeta.
A eliminação do supérfluo e do desnecessário
Se não houver demanda, não haverá produção do supérfluo, do desnecessário. A compaixão já não mais tolerará a crueldade e o holocausto praticados contra os reinos mineral, vegetal, animal e hominal. O respeito à Gaia caminhará no sentido da exclusão do mercado, de produtos e produtores que agridam o meio ambiente. O bom senso exigirá a limpeza e a manutenção do nosso lar cósmico.
É a partir desse nível do despertar e do sentido do pertencer no contexto da unicidade, que o melhor do ser humano está emergindo. Esta é a possibilidade de cada ser humano dar a sua contribuição na construção da Nova Ordem.
O papel fundamental da educação
Neste sentido, a educação assume importância primordial. Ela própria necessitará encontrar caminhos para superar a atual abordagem fragmentária, muitas vezes limitada ao adestramento para o “trabalhe, produza e consuma”. O sentido de totalidade, a ecoalfabetização e os valores essenciais que fundamentam essa nova ordem, constituem a matéria prima a ser trabalhada em cada ser. Grandes expoentes do pensamento tais como Jean Piaget, Edgar Morin, Paulo Freire, Dora Incontri e outros, já realizaram o esforço gigantesco no sentido de nos apontar os caminhos a serem seguidos. A princípio, no seio da própria família, que deve ser apoiada e fortalecida, e, em seguida, nas estruturas e serviços disponibilizados pela sociedade.
Ser é unir
Esse sentido pulsa em cada criatura e a impulsiona para seguir adiante. Aprofundamos ainda mais a percepção de que ser é unir. Quanto mais avançamos, mais fortalecemos os laços da interconexão e da interdependência em níveis cada vez mais sutis e realizadores. Não há como fugir a isso. O avanço evolutivo é inexorável e a força que o direciona e sustenta é inesgotável.
Aprofundamos ainda mais a percepção de que ser é unir. Quanto mais avançamos, mais fortalecemos os laços da interconexão e da interdependência em níveis cada vez mais sutis e realizadores. Não há como fugir a isso. O avanço evolutivo é inexorável e a força que o direciona e sustenta é inesgotável.
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