O que se pode entender por Despertar da Consciência? Despertar pressupõe algo que está inerte ou contido. Pressupõe também, capacidades adormecidas ou em manifestações aquém das suas reais potencialidades. Além disso, pressupõe uma ação, um estímulo que atua no sentido de ativar, desabrochar ou despertar o inerte ou o sub manifesto.

Uma jornada ascensional

É fascinante podermos observar esse despertar que mobiliza as individualidades em todos os reinos da natureza rumo a estágios de complexidade crescentes. Desde o interior dos átomos, as partículas subatômicas, obedecendo à força da atração, avançam na formação de unidades coletivas complexas. Formam então, elementos químicos que dão sustentação às formas superiores de vida. Em seu psiquismo incipiente, podemos observar a ação dessa força que avança e se complexifica:

  • na atração no reino mineral;
  • na manifestação da sensação no reino vegetal;
  • no instinto no reino animal. Nesse estágio, é fator determinante para garantir a alimentação, reprodução e sobrevivência dos indivíduos e das coletividades, e
  • mais acima, na sutilização dos instintos transmudados em sentimentos, em uma trajetória ascensional. Essa trajetória é iniciada no estágio do desejo e segue passando pela posse, simpatia, carinho, devoção e renúncia. Culmina com o sacrifício do próprio ego em prol das coletividades. Essa jornada representa patamares de manifestação cada vez mais elevados da força real que move o universo: o amor.

Estamos interconectados e somos interdependentes

É um processo que acontece no nível do indivíduo e das coletividades. É bom lembrar que, na realidade, todo indivíduo já é a manifestação de uma unidade coletiva. E, cada unidade coletiva, compõe unidades coletivas cada vez mais abrangentes.

Importante observar que as conquistas realizadas nos patamares mais simples, são depuradas e utilizadas como base para as unidades dos patamares superiores da vida. Não nos iludamos, estamos interconectados e somos interdependentes no tempo e no espaço.

Essa realidade antevista pelas principais correntes filosóficas e espiritualistas de todas as épocas, já não é novidade também em termos científicos. Fazemos parte de algo imenso que é autolimitado, autorregulado e autoperpetuado. Essa é a atual definição científica para organismos vivos.

O confronto com as questões morais, éticas e da responsabilidade

É fascinante observar que o processo de escalada do simples para o complexo assume dimensões quantitativas, mas, sobretudo, qualitativas. No estágio hominal, às leis físicas, químicas e biológicas, são acrescidas as de caráter moral e ético.  Às leis naturais que impulsionam o indivíduo independentemente da sua vontade, é acrescido um impulso interno ao qual denominamos livre arbítrio. O resultado desses impulsos é a elevação do ser a patamares mais elevados para a realização das suas potencialidades. Nessa trajetória, inevitavelmente acontecerá o confronto envolvendo as questões do intelecto, da moral, da ética e da responsabilidade.

A ascensão do novo

Essa é a direção do progresso, a exigir trabalho constante. Periodicamente, movimentos imensos sacodem velhas estruturas abrindo espaço para o novo. Esses movimentos às vezes são lentos, às vezes abruptos, a depender do acúmulo de energia realizado nos estágios anteriores. Conforme citado acima, há nessa dinâmica um distanciamento entre o avanço intelectual e o avanço moral. Tal distanciamento resulta em constrangimentos e crises existenciais e constituem as causas do agravamento da saúde mental que grassa pelo mundo. Atendem sempre às necessidades da vida e refletem uma dinâmica dialética, cujas sínteses representam níveis mais elevados de reequilíbrios físicos (ambientais) e, no estágio hominal, também morais.

Os dois propósitos existenciais do ser

Dessa leitura, podemos inferir características e padrões dos estágios anteriores, atuais e futuros a direcionarem o movimento da vida.  Do simples para o complexo, do individual para o coletivo e também a incorporação das leis morais e éticas às da física, da química e da biologia.

Nessa jornada ascensional, o ser após a conquista da razão, é convocado a assumir a responsabilidade pelo seu melhoramento contínuo, sendo útil. Portanto, ficam evidenciados dois propósitos essenciais: o primeiro, a realização das suas potencialidades e, o segundo, o sentido de utilidade para a coletividade na qual está inserido, uma vez que esse trabalho acontece na vida de relações.

A emersão dos atributos essenciais

A partir deste ponto, podem-se identificar atributos essenciais, os quais independentemente de crenças, épocas ou culturas, parecem emergir como forças inexoráveis, tais como:

  • o impulso irrefreável ao aprendizado contínuo;
  • a necessidade de se sentir útil;
  • o sentido do pertencer (esse cada vez mais englobando a biosfera e toda a família humana);
  • a questão de como lidar com a impermanência;
  • um profundo sentimento de compaixão e de justiça, e
  • a busca do melhoramento contínuo.

É enfim, O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA. Os seres e civilizações que trabalham para a emersão desses atributos, conseguem patamares superiores de harmonia e progresso. Por outro lado, os que se distanciam deles, acabam inexoravelmente sendo deslocados do seu protagonismo. É uma perda dolorosa e suas funções históricas são assumidas por aqueles compromissados com os valores acima.

O desafio para os líderes: autoconhecimento e autotransformação

Resulta que os grandes líderes são aqueles comprometidos com a emersão dos seus próprios atributos. Esse é um processo de autoconhecimento e autotransformação cujo resultado é a elevação das suas percepções e sensibilidade. Desta forma, passam a dedicar suas vidas na criação das condições necessárias para que cada liderado possa realizar as suas potencialidades, em benefício próprio e das coletividades nas quais estão inseridos.

Este é o grande convite da vida. Que nos tornemos seres melhores e que contribuamos com o nosso trabalho no limite das nossas forças e das nossas possibilidades para o bem comum. Nem mais e nem menos, pois isso representaria desperdícios da mais nobre energia disponível: a energia da criatividade humana.

Comentários:
Sob a superficialidade de um estilo de vida materialista e consumista, forças imensas impulsionam o ser humano para a emersão dos seus valores e atributos essenciais. Apesar do caos aparente, novos padrões parecem emergir colocando em xeque instituições, organizações e estilos de vida. Indivíduos, nações, a civilização humana parece vislumbrar o surgimento de uma nova ordem mundial.

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