Quais são e como realizar os atributos e potencialidades humanas? Em artigos anteriores, mencionei constantemente a necessidade do despertar das potencialidades humanas. Em “O Despertar da Consciência” afirmo: “Fica cada vez mais claro que a criatura carrega em si dois propósitos essenciais: a realização das suas potencialidades e, como esse trabalho acontece na vida de relações, o sentido de utilidade para a coletividade na qual está inserida”.
É o que dá sentido à vida do indivíduo: trabalhar para sua realização e ser útil
Cooperar e coevoluir significam a substituição gradual dos padrões de pensamentos, comportamentos e atitudes egoístas, orgulhosos e prepotentes, os quais limitam a capacidade do ser de realizar as suas potencialidades e consequentemente a sua utilidade para a coletividade.
É o que dá sentido à vida do indivíduo: trabalhar para sua realização e ser útil. São dois objetivos os quais sendo perseguidos preenchem uma vida. Para isso, exigem o exercício permanente da vontade, disciplina e determinação, capaz de conectar cada vez mais intensamente o indivíduo consigo mesmo e com a coletividade. O indivíduo passa a desenvolver um senso de urgência e de preciosidade na utilização do seu tempo, evitando o seu desperdício em atividades vãs.
No Universo não há partes isoladas
Como afirmei em “O Sentido do Pertencer”, o ser está visceralmente inserido na natureza. Fazemos parte dos seus ciclos e fluxos e deles dependemos para a nossa existência.
Estamos interconectados e somos interdependentes. Ora, isso pressupõe elevadas doses de tolerância e altruísmo.
Avançamos na direção de aproximações sucessivas da Verdade
Todas as nossas verdades refletem o fato de que estamos imersos no relativo. Ao longo da história, constantemente nos surpreendemos com a superação de verdades solidamente estabelecidas por outras mais abrangentes e mais profundas. Essa dinâmica é fruto do anseio humano por buscar aproximações sucessivas da Verdade, o que quer que isso signifique para as diversas culturas e tradições.
Avançar na direção da Verdade é resultado de imensos esforços individuais e coletivos. Como afirmou Isaac Newton, “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes ”[1]. Essa metáfora atribuída por John de Salisbury a Bernard de Chartres e tornada célebre por um dos maiores gênios que a humanidade já conheceu, traz implícita elevadas doses de humildade, desapego, gratidão e amor às criaturas humanas e não humanas.
Mas, afinal, de quais atributos ou potencialidades humanas estamos falando? Várias são as classificações dessas potencialidades a depender do contexto e abrangência considerados. Proponho a reflexão sobre as identificadas abaixo.
- Aprendizagem contínua
- Cocriação – o sentido de utilidade
- Sentido do pertencer
- Impermanência (essencial, importante e urgente)
- Mudanças e adaptações
- Bondade (empatia, compaixão e misericórdia)
- Senso de justiça
- Empoderamento
- Aprimoramento contínuo
Humildade, tolerância e compartilhamento: condições essenciais para o fortalecimento do sentido do pertencer.
Trilhar a jornada da aprendizagem contínua exige elevadas doses de humildade e tolerância para consigo mesmo e para com aqueles que compartilham conosco essa jornada. À medida que avançamos, sentimos a necessidade de compartilhar em benefício da coletividade as nossas conquistas, o que significa obedecer ao sentido do pertencer. Aprender a lidar com a impermanência e com as mudanças e adaptações daí decorrentes guiados por um profundo sentimento de bondade e compaixão embelezam a vida individual e da coletividade.
Desta forma, o indivíduo se sente confiante. Uma confiança fortalecida pela harmonia com a sua consciência. Sabe que fez e está fazendo o seu melhor para si e para a coletividade e coloca em prática o sentido de utilidade. Imprime à sua vida a direção na busca do aprimoramento contínuo em termos de padrões de pensamentos, comportamentos, atitudes, o que eleva constantemente as suas capacidades e intensifica o sentido do seu existir.
[1] Os gigantes aos quais Newton se referia são três: Johannes Kepler e Galileu Galilei, os quais por sua vez estavam assentados sobre os ombros de Nicolau Copérnico.